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Relato pessoal de um professor - Ansiedade, estresse e depressão

 


Relato pessoal

Durante o período em que lecionei em determinada escola, enfrentei uma série de situações que acabaram afetando profundamente minha saúde emocional e meu equilíbrio profissional. O ambiente, que no início era de colaboração e aprendizado mútuo, gradualmente se tornou tóxico e desgastante.

Houve um episódio específico que marcou o início desse processo. Em uma reunião pedagógica, enquanto um colega de trabalho era elogiado, eu fui tratado com evidente desprezo. O contraste entre o elogio a um e o silêncio direcionado a mim foi tão nítido que me senti diminuído e desvalorizado diante dos demais. Desde então, percebi um distanciamento e uma postura fria por parte da gestão.

Certo dia, durante uma aula com uma turma do 6º ano, precisei me ausentar por alguns minutos para ir ao banheiro. Nesse curto intervalo, dois alunos se envolveram em uma briga. Assim que retornei à sala, procurei intervir e, com o auxílio de outro professor, conseguimos apaziguar a situação. Apesar disso, acabei sendo responsabilizado pelo ocorrido. Essa injustiça foi um golpe duro, especialmente porque sempre procurei agir com responsabilidade e comprometimento.

Após esse episódio, o clima na escola ficou ainda mais pesado. Percebia olhares e comentários velados, e o apoio da gestão parecia inexistente. A sensação de estar sendo julgado e isolado tornou-se insuportável.

Quando decidi pedir desligamento, fui chamado pelo secretário escolar. Durante a conversa, percebi seu nervosismo — ele chegou a tremer as mãos. Ele sugeriu que eu procurasse um psiquiatra e apresentasse um atestado de 15 dias, tentando talvez me poupar de uma demissão imediata. Também contou que já havia passado por situações humilhantes na própria carreira. Mesmo assim, preferi seguir com o desligamento.

No dia da assinatura da rescisão, senti o peso de tudo o que tinha acontecido. Os alunos, percebendo minha partida, demonstraram carinho e tristeza. Alguns disseram que queriam “me sequestrar” para eu não ir embora. Uma aluna, ao descobrir que eu estava na escola apenas para resolver os trâmites da saída, chegou a chorar. Essa reação sincera dos alunos foi, sem dúvida, o que mais me tocou e me deu forças para seguir em frente.

Hoje, ainda reflito sobre minha decisão de sair. Às vezes me questiono se fiz o certo, pois fiquei desempregado por um período considerável. Mas também compreendo que, diante de um ambiente adoecedor, preservar minha saúde mental foi a escolha mais sensata.